Tempo
Tempo: passado, presente e futuro são uma ilusão, só existe o agora.
Todo fim de ano vem a reflexão, o balanço do ano que passou e os planos futuros para o ano que se inicia.
Totalmente enganados pela ilusão de tempos, os homens se detém em fracionar o seu único tempo – o agora – em duas hastes, uma cá e outra acolá.
O futuro e o passado existem sim, mas só existem no presente, explico: quando você resgata uma memória que evoca uma experiência associada a imagens, sons, sensações e percepções sensoriais que compõem sua história, na verdade o faz no presente.
De igual modo, quando projetamos imagens, sons, sensações e estesias futuras, na verdade estamos usando o presente para fazer isso.
O processo mental e emocional, ou seja, a psicologia por trás dos tempos só existe no presente.
Portanto o tempo é uno, o passado (evocado) e o futuro (criado) só existem e se fazem rememorados e revividos ou criados no AGORA.
Posto isso, vamos à filosofia por trás dos balanços e planos de fim do ano: ora, este não é um ciclo diário?
Escovar os dentes e me atrasar ou sair com bafo e chegar no horário?
Dormir ou tomar banho (depois de um dia cansado)?
São decisões, baseadas em futuras projeções e vivências adquiridas.
Diuturnamente, decidimos e balanceamos baseados na ideia de tempo.
Espiritualidade: porque no fim do ano, ficamos mais emotivos, reflexivos e de certa forma e até certo ponto mais emocionais, conectados e espiritualizados? Por causa desta pausa, mesmo que falsa e pró-sistema. Nestas frações de tempo mínima nos conectamos conosco, nossos princípios, condutas e atitudes até ali (naquela linha de tempo).
Este filosofar, refletir e espiritualizar-se como Miojo no natal e ano novo não precisam esperar 12 meses, podem ser feitos várias vezes ao longo do dia.
Corte o papo furado de que precisas de rituais e grandes encontros ou a roupa certa ou um prédio propício para encontrar a Si e ao Deus que Tu É.
A maior característica de Deus que temos é CRIAR. Por isso amo a ARTE, me sinto como um deus, CRIADOR e de fato EU SOU.
Mas encontrar Deus não é algo reservado a atos ecumênicos seculares, não. É algo diário, corriqueiro e super simples, é até besta demais: quando você observa a chuva, sente o sol na pele, sente a areia do mar, sente a brisa do frio secando seu rosto, quando você conversa com um doguinho, acena pra uma criança, ou para pro cara te passar no trânsito… Quando dá esmola e quando aceita ajuda.
Não tem essa de tempo, o mal que fazes ou o bem que plantas volta, não do mesmo modo, mas volta, se parares e refletires, receberá.
É muito sutil sentir Deus, é muito sutil sentir-se Deus.
Pare mais vezes, corra pro banheiro e chore, mas quando chorar ou quando sorrir, lembre-se de uma verdade universal, uma lei: você está criando o tempo todo.
Você é criadora, criador.
Todos os dias relembre-se de que é abençoada, saudável, luz, paz e harmonia, que se perdoa e se permite, e se protege e se preserva, que seu coração se armará apenas de luz e amor e semeia isso em cada palavra prática em cada gesto.
Como uma rosa linda, dá brotos, abre as flores e solta o perfume, atrairá os mais belos beija-flores, abelhas, pássaros para perto de si.
Do mesmo modo, vale lembrar que o que chamamos de futuro é o que fazemos no agora, e o que delimitamos como passado é o que dele nós o interpretamos, volta naquela: só existe o agora, seja pra rememorar ressignificando ou para criar na paz e na luz o único tempo em que faz isso é o agora.
Escolha há tempo, porque só há o tempo do EU SOU, só há o tempo do AGORA.
Tudo o que quiseres ser ou ter, de fato já é, porque só há este tempo, você só precisa acessá-lo, voltando-se para o silêncio das verdades além do véu do ego que há aí dentro: o AMOR.
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