Olhar de uma deusa egípcia

Você tem os cilios da noite

Possui um aura mística

Eu costumava ser fraco

Com ela, eu era forte

Hoje ela está fraca

Hoje estou forte…

Não tão forte

Esrou na CPTM

De Itaim

Chorando como um gurizim

Minha irmã está morrendo

Por dentro, sem centro

Hoje dormi no sofá

E ela veio do quarto

Ficou ali aos meus pés

Doei energia

Dei passe

Me doei pra minha irmã

Ela não sabe

Mas tem um anjo em sua família

Sou eu, um anjo torto

Anjo caído, errado

Anjo sem asa

Mas que presta a estas empreitadas

De servir

De ser e vir

Odeio aer humano

Isso aqui me cansa

De tanto que aqui vivi

Tô no trem voltando, só 1 mano me viu chorando

Anjos choram

Demônios choram

Ambos são partes de algo

Chamado humano…

E cá estamos: humanos

Não tenho ninguém

Tenho amigos poderosos

Mas sou sozinho no agora…

De manhã o sol toca meu rosto

Minha boca, de café tem gosto

Uma música cantarola agora

Na minha mente de aurora

Inconstância

O fato de não estar lá

De não ser e estar

O fato ou ocasião de decepcionar

Decepcionar a energia da presença

As canções que eu queria cantar pra você

Vou ter que me ater e as esconder

De mim e de você, preciso me convencer

E de novo me ater

Ao fato de que mais cedo ou mais tarde…

Não vou mais me ater

Ao fato de que não vou te ter

Mulheres evangélicas

Elas me atraem

Lindas, discretas

Safadas que só a peste

Ele só queria comprar uma bolacha pro filho.

Só queria trazer algo pra casa…

Mas podia? Não, aquele não era mesmo seu dia

Era só mais um dia, aliás

Estamos aqui, estamos a ca

Estamos lá e aqui

E hora ou outra nos divertimos

Mas tem horas, que olha?!

deixe a nota de lado

lá vou eu, servir de novo…
nem tô sentindo meu dedos
nem meus nervos
nem meu oração

Viver de sexta-feira

Se você for viver somente de sexta-feira, não viverá

Estará vivendo pra fora, logo, sobrevivendo

A sexta, esperada sexta

É somente uma data farseira

A chegada do fim

Fim em forma de chegada

Não se trata de uma data

É um estilo de errata

Nela você retrata

Suspende o eu

Na sexta-feira não sou mais eu

Sextou porque preciso suspender o eu

As tarefas que faço são o “eu” temporário

Não quero ser o eu tarefeteiro semanal

Ele me coloca em suspensório temporário

Suspendo quem penso ser durante a semana

Um eu artífice de algo que nem gosto

Oh, a sexta-feira! Bendita seja!

Maldita é: descanso, balada, outra rodada!

Curtidas sócio idealizadas

Mas depois da sexta vem a desgraça

Caio de volta no eu com “e” menor

O ofício men chama de volta

Mas agora tô de ressaca

Nem bebi, é uma ressaca temporal

Trabalho no sábado, mas a sexta foi sabática

Estou de plantão no outro dia…

Fico a pensar na comida, bebida e dança de sexta

Que saudades da sexta-feira!

O ciclo semanal se repete:

E lá vou eu atrás da sexta-feira

Ávido como busco um boquete

É um prazer momentâneo visceral

A sexta-feira é o lixo que quero comer

Eu sou a comida para a sexta

Eu cato migalhas às sextas

Sextou e lá de novo estou: servido!

Não é moralismo barato analisar

Minha relação com a sexta

Ela é osciosa após o expediente

Não é uma condenação social ingrata

A sexta é prazerosa

Leve como uma névoa

Que me tira do sol

E me leva pro ar fresco imprevisível

Sexta-feira é meu dia!

Nela eu brilho, me arrisco

Me mutilho, me humilho

Saio de mim sem pensar na volta

O que seria de mim sem as sextas?

Sem a catarse física, moral e mental?

A sexta me limpa

Ela me suja, a sexta-feira

Tento me encontrar loucamente

Dentro de uma temporalidade finita

Deixo pra lá o que me esmaga e irrita

A sexta é meu templo de sacrifício

Até enquantrar ou Eu que busco

Vou achando na sexta-feira o expurgo

Um lugar de queima divina

Do meu eu diabólico

como você cuida da sua alma?

como você cuida da sua alma?
quando não tem ninguém olhando
quando não há serviçais
quando não há mais velas nos castiçais?

a bolha

uma bolha para fora de mim
uma bolha chamada eu
uma bolha chamada não eu
uma bolha

a ilusão do turista

a ilusão do turista preconiza sair de um lugar
a ilusão do turista diz respeito a visitar
conhecer algum lugar
estar num lugar não seu…

Muitos experimentos foram feitos ao longo do desenvolvimento da ciência… cocaína (Freud safadinho), cannabis sativa, LSD, DMT (DMT: N,N-dimetiltriptamina da Ayahuasca), todos com a mesma finalidade: desligar o lado mental, racional, para acessar o lado intuitivo, espiritual e obviamente, inconsciente. 

que coisa bonita!
eu estava te esperando
tão fria, tão só
tão calma e quieta

os braços de uma mulher
os braços de uma mãe
que perigo os dois
um aquieta o outro protege, os dois fazem falta

desconectar

é incrível, mas para se conectar
é preciso primeiro, se desconectar
ora, de que conexão falamos?
de que tipo de contato precisamos?

suruba acadêmica

tenho pra mim que citar autores é uma lerdeza
uma podridão de alguém que não pensa por si
no final o autor é alguém que fez o corre
leu pra caralho, pesquisou e publicou

Sabe, meu amor…

o limiar

você começa indagando coisas chatas
coisas incômodas da existência
o existencialismo quando aprende que
o nome é esse: existencialismo

o poeta quebrado

quem quebrou o poeta?
o poeta está quebrado!
cheio de laços, cheio de lados
o poeta é um palhaço!

o não absoluto
o absoluto não
o ponto de chegada
o ponto de ruptura

São 22:16, hoje é dia 13 de fevereiro de 2025
É meu aniversário e minha irmã morreu ontem em Salvador
Ontem também eu arranquei um dente
Arranquei um dente em 2005 e outro em 2025

a base humana é fraca
é pautada em negócios
é pautada em papéis
papéis palpáveis e sociais

a hora da ajuda

a ajuda só vem quando o ajudado está pronto
não existe mão alheia que cure o cego
o cego de espírito, o cego de alma
a ajuda só funciona para o que busca