Quero deitar em uma varanda qualquer

quero deitar em uma varanda qualquer
conversar com você, madrugada afora
tocar melodias sem sentido
notas desprovidas de interesse

quero respirar o seu cheiro
sentir o som do teu odor noturno
uma cochilar diuturno reprimido
na correria de um dia oprimente

entender as cores da íris do seu coração
no entrelaçar da preguiça e da não pretensão
do amargo, do afago e da angústia de ser imperfeito
de ser o não eleito e o não catedrático

o dramático bêbado que se esconde em um copo
o palhaço por trás do riso
o profissional cansado
o ser humano estafado

sou eu e sou você
querendo encontrar a nós mesmos
em barracos
em farrapos
de nós para nós mesmos