Ele só queria comprar uma bolacha pro filho.

Só queria trazer algo pra casa…

Mas podia? Não, aquele não era mesmo seu dia

Era só mais um dia, aliás

 

Daqueles fias merda

Trem lotado, calor insuportável

Rego suado

Ódio de não poder ir sentado

 

Ele só queri voltar pra casa

Mas estava dormindo em pé

Dormia cansado

Nem deitado dormia, coitado

 

Pensava que infernos fizera

Pra viver aqui nessa terra

De boletos, insegurança e medos

Pelo menos de fim de semana tinha bebida

 

Uns tragoa e uns afagos da Muié

Não há questionamentos sobre o amor

Só o sentido lato, prático, pragmático

Tô cansado, me alivia, amor?

 

Uma rotina cheia de fedor

Odor, sem pudor, do horror

Da rotina cansativa

Do trabalhador

 

Não é não gostar do que faz

Mas as condições coloniais

Com as quais se havê o sujeito

Sujeito de direito, sem direitos

 

Direito a lazer

Direito a descanso

Direito a paz

Direito a sentir amor no peito

 

Pois esse sujeito de direito

Está muito ocupado

Sendo um sujeito do provento

Seja braçal ou intelectual

 

A exigência é brutal

Da competição à performance robótica

O sistema é uma esteira esteriótipa

Que te suga, te draga e tu nem goza

 

O sujeito só queria uma pipoca

Um doce, uma gelada ou um tira gosto..

Mas par seu azar e desgosto

Não tinha o brinquedo que distrai

 

Seja a criança, seja o adulto

Finda-se mais um dia

Mais um suspiro sufocafo

Do sujeito emancipado CLT

 

De carteira na mão

Mas sem sangue nas veias do coração

O sistema é f

oda

E eu sou o sistema

 

(Suspiros ao digitar o texto)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Escrito por conscienciando
Conscienciando é um blog que traz consciência através de artigos sobre diversos campos do conhecimento e experiência humano.