jantamos imagens
jantamos imagens
estamos frágeis, estamos instáveis
comemos migalhas, de amor, de calor
estamos vulneráveis
o tempo todo tragáveis
há tanta vitalidade lá fora
há tanto cinza aqui, agora
eu digo de mim e dos outros
falo por meus e teus pecados
um bocado de nada, sem sentido
um monte de verdade que arde
ora com doses amargas
ora com dopadas necessárias
o quê eu sou senão uma máquina?
uma máquina de viver histórias
um robô programado para agir
viver o verbo, o agora
tô cansado de dormir
tô cansado de acordar
eu não vivo por mim
eu sou uma máquina de ser e estar
estou cansado de mim
estou cansado do outro
o atrito aqui é horrível
muito ego colidindo
há muita dor em ser
há muita dor em não querer ser
eu me sinto meio lá
eu me sinto meio cá
sabe? é uma dualidade doente
guerra, competição e maldade
eu gosto disso, sou isso e pratico isso
a maldade sou eu, é você
onde está o ponto?
não sabemos, sinceramente nãos sabemos
sabemos, pelos livros, pelos outros
mas se soubéssemos, libertos estaríamos
jantamos imagens, compro algo
visto algo, cheiro algo
e logo sou valorizado
mostro valores e logo sou desprezado
bem vindos ao mundo das coisas
da materialidade
do dinheiro, superficialidade
de quem sofre, chora e sangra sorrindo
bem vindos ao inferno chamado eu
um inferno não bíblico, mas interior
onde eu sou o criador
da dor e do amor
Deixe um comentário