Pataxós - Conscienciando - Índios Pataxós pelo Brail, entenda aqui como a miscigenação influencia na mistura de branco, índios e outros.

Eu achava que aquele papo de Deus está longe e me vigiando, olhando…

Eu tinha uma ligação íntima com meus cachorros e cadelas da infância…

Minha mãe Amelia Marinho dizia: pare de se lambuzar com esses bichos, você vai pegar doença!

 

Mãe estava certa, gato e cachorros transmitem doenças sim, mas aquele não era o caso.

 

Eu cresci como filho adotado e pouco sabia da minha família biológica lá de Santa Cruz Cabrália na Bahia, mencionar a cidade aqui é geograficamente importante.

 

Eu sou filho de índios com branco e só descobri isso depois de adulto, nem na adolescência quis saber disso, ou desses papos de mãe verdadeira, já que a mãe que adota é a verdadeira, ledo engano.

Freud, corre aqui!

 

Pois bem, cresci com uma mediunidade incrível, via, ouvia e sentia espíritos e energias aqui e acolá e nada da igreja batista, católica ou congregação cristão no brasil me orientar.

 

Saí de todas elas.

 

Nesse meio tempo saí da Bahia e em 2007 me torno Paulistano, sem entender os fenômenos que me aconteciam.

 

Para os fenômenos mediúnicos eu não tinha explicações, embora tivesse tido contato com o Espiritismo na Bahia através da Dona Carmem que tinha um centro espírita que doava sopa onde eu ia buscar, no bairro da Serra Pelada.

 

Não entendia a Doutrina, nem a Codificação de Allan Kardec à época.

 

Nada, materialismo puro, eu não consegui entender o que acontecia comigo: sonhar com o futuro, sentir as energias das pessoas, sentir lugares, presente, passado e futuro.

 

Em 2011 eu, em Bauru, num sítio daqueles com piscina que a gente vai pra fazer festa de fim de ano, na hora dos fogos, fui até a porteira da fazenda e atravessei a rua.

 

Ali, chorei por saudades da minha mãe que faleceu em 2008, morte que eu previ em sonho, uma semana antes.

 

Pois bem, desconfiei de que eu era diferente quando naquela noite uma coisa mudou minha vida pra sempre.

 

Eu estava com uma lata de Itaipava (nome indígena) nas mãos, e comecei a ouvir uma voz que me disse algo como:

 

– Olha, você veio aqui pra fazer outra coisa, veja o mundo como está (eu via imagens mentais, filmes de guerra, pessoas violentas e usando drogas…), nós te conhecemos e viemos te dizer que sua missão está sendo perdida, você não veio fazer o que está fazendo!

 

– Eu não sou digno desta missão, porque falam comigo? Eu minto, erro, faço merda o tempo todo… Eu não sou digno (começo a chorar)…

 

– Não importa, talvez você não se lembre de quem é ou do que é e do que veio fazer aqui, mas precisamos de você. Precisamos de você! Acorde, não temos mais tempo!

 

Para resumir, sequei minhas lágrimas, saí da porteira e lá na casa estava rolando um desentendimento, pus as mãos nas duas pessoas que estavam brigando. Elas se acalmaram na mesma hora, apesar de estarem há um tempo naquela situação.

 

Desde deste evento não fui mais ateu ou foda-se para as questões espirituais, aí estava a minha mudança de paradigma, mudança de mindset.

 

De lá pra cá estudo a expansão da consciência através da espiritualidade, aprendi com muitos mestres ocidentais, orientais, vivos e mortos.

 

Tenho ajudado muitas pessoas que sem mais nem menos se abrem pra mim, falam de suas vidas particulares.

 

Abrem suas questões emocionais, espirituais e materiais pra mim, do nada.

 

Mas não é do nada, eu estou preparado para atender estas pessoas, entendê-las e recebê-las, embora eu entenda que não, não tenho que curar a todos.

 

Não tenho que curar a todos.

 

Preciso da minha própria cura.

 

Depois disso tudo, o curso de Psicologia chegou a mim, por intermédio de espíritos que me conhecem e me guiam, acredite você ou não.

 

Eu olho a foto da pessoa e sei quem ela foi na outra vida, sei as doenças que estão no corpo dela, mas vem cá: quero dar consultas a elas? Não, não é assim.

 

Se eu digo para esta pessoa que a doença física, começa no mental e espiritual… Ela duvida e foge de mim.

 

Mas se eu faço uma prece, uma oração ela se cura (eu sei fazer isso), ela me chama de místico, mágico, mago, xamã…

 

E eu não sou nada disso.

 

Sou descendente sim dos índios e índias pataxós da Aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, herdei deles o conhecimento xamânico de apreciar e respeitar a natureza, a respiração, o silêncio, os animais, os bichos, os ecos da Mãe Da Mata…

 

Coisa que vocês não entendem, mas podem alcançar com silêncio e respeito!

 

Conversei com minha Tia outro dia que me revelou ter as mesmas habilidades que tenho, somos Pataxós, me orgulho da minha família biológica, sem negar a família que me adotou.

 

Amelia Marinho e Ivonete Seixas, ambas são minhas mães.

 

Sou grato por ser filho de Cabrália, sou grato por meus antepassados.

 

Eu sou branco, mas também sou índio e que esta mistura me faça um professor, psicólogo, filho, amigo, irmão e colegas de paz e luz na vida de todos vocês.

No Brasil é muito difícil você ser apenas nego, branco ou índio, é possível que tu sejas misturas de muitas influências.

Respeite as tuas raízes, todas elas.


Post Scriptum (P. S.): Minha mentora espiritual é uma índia, na outra noite em desdobramento, antes de voltar para o corpo, vi meus irmãos índios, eles me observavam enquanto eu labutava para sair de um buraco escuro com um tronco enorme (símbolo de labuta e tarefa dentro da tribo, creio). Eu saía, eles me olhavam e nem esboçaram reações, pensei: este é o padrão, minha missão.

 

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Escrito por conscienciando
Conscienciando é um blog que traz consciência através de artigos sobre diversos campos do conhecimento e experiência humano.