O mapa não é o território
O mapa não é o território: você vive o que fala? Ou seja, você costuma colocar na vida prática o que lê, o que aprende na teoria?
Não estou falando do que se aprende na vida prática, porque ela é a práxis em si. Práxis é uma palavra de origem grega que significa basicamente colocar em prática o que se aprende na teoria.
O que me refiro aqui é como você aprende coisas novas a partir de livros, documentários, palestras, cursos, graduações e afins transpõe isso para a vida real.
Digamos que você aprende uma nova teoria científica, uma filosofia ou qualquer área do saber humano, você consegue relacionar isso com o seu jeito de ser no dia a dia? Vamos falar disso?
A expressão o mapa não é um conceito da Programação Neurolinguística (PNL) onde seus fundadores defendem que os conceitos não são a vida real em si, o mapa é só uma ideia geral da experiência de outros (autores), algo como um referencial e que você deve por si só colocar na prática para testar a validade da teoria, daí voltamos aos Gregos com a ideia de práxis.
A psicologia social vai nos trazer o conceito de que somos influenciados pelo meio, a sociologia vai defender algo semelhante quando diz que o homem é uma construção cultural para além do individual (mantendo suas características intrínsecas como biologia e psiquê), ou seja, somos o resultado de processos evolutivos, sociais e biológicos.
Aquela máxima da psicologia aqui é válida: somos um ser bio-psico-social, adoro esta expressão.
Neste sentido, o que aprendemos na teoria também deveria sair deste campo mental e se fazer em nossa vida prática, mas isso não acontece com frequência.
Pessoalmente acredito que existe um prazo, um tempo, um processo de assimilação que pode ser apenas teórico mas que também pode ser de ordem territorial (a vida real), aquela história de que de tanto apanhar e tomar na cara a gente aprende.
O ideal seria lermos algo que queremos aprender e logo em seguida aquilo fazer parte do nosso jeito de pensar e sentir.
Mas creio que este é o ponto, uma leitura e estudo nos uma noção mental do autor, não nos dá acesso aos seus sentimentos, acho que o processo de assimilação por sentimento é mais rápido do que assimilação apenas intelectual, daí a diferença no processo de pôr em prática o que se estuda.
O professor Hélio Couto defende isso em suas palestras: que o mental de uma pessoa que deixou uma teoria e um livro não te dá acesso ao emocional dela, você tem que experienciar a prática do que está sendo ensinado, ou seja, viver por si só a experiência, e à partir dela montar o seu próprio mapa, muito mais alinhado à realidade que se impôs à você.
Uma experiência que une teoria e prática tende a se fixar mais, pense na história da arte apenas ou na prática da arte apenas, são conhecimentos do mesmo tema oferecidos de formas separadas.
Teoria e prática unidas aceleram o processo de aprendizado, creio.
Uma coisa é você ver documentários selvagens do NatGeo, outra é ir numa savana e tomar sol e chuva por dias para ver um leão.
Um outro exemplo são traumas e bloqueios emocionais que são muito fortes em nossa psique, parecem que estavam lá desde que nascemos e que somos o resultado daquela experiência, mas não são.
Um trauma é uma experiência emocional do território, ou seja, da vida prática, não é uma teoria, é uma vivência nua e crua da realidade.
Em suma, o mapa não é o território é um conceito bacana para refletirmos (não julgarmos), como levamos a nossa vida, nossos costumes, histórias e interesses, vivem em que nível?
O nível intelectual, mental ou emocional é prático na imposição real do dia a dia?
Esta é uma boa reflexão a respeito de nós mesmos, e um bom caminhos para o autoconhecimento.
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